UMA DÉCADA SENDO PIPO (10 anos)

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Esse é um minúsculo resumo dessa sua primeira década de vida, na qual você pôde ser todos esses e tantos outros mais! Você pôde brincar, mas com o cuidado de, em cada personagem, ser sempre você. Experimentando a busca, e em busca, pelo seu ser. Autêntico e legítimo. 

Fico muito encantado e me sinto realizado ao perceber que você se permite ser quem você é, em todas as suas facetas e fantasias. E autorizar-se a ser quem se é está, ao mesmo tempo, entre as coisas mais difíceis e mais valiosas dessa vida. Principalmente porque não podemos ser outro que não nós mesmos. E você luta por isso, briga por isso, enfrenta desafios e corre atrás disso. Constantemente, incansavelmente.

Hoje seria dia de festas, alegrias, brincadeiras, jogos de futebol e diversão, com uma porção de amigos, das primas, da família e dos “tios”, todos colecionados e conquistados por você… Porém, continuamos com essa porcaria de pandemia, que te “roubou” quase 15% de uma vida livre. Tempo demais, não é mesmo? Mas você também consegue ser o Pipo-Paciente, o Pipo-Compreensivo e, mais que tudo, o Pipo-Esperançoso, acreditando que passaremos por isso e logo voltaremos para os encontros, os abraços, os passeios, as festas de aniversários e as viagens.

E, mesmo que não sejamos, neste momento, “afortunados” em função da pandemia, que possamos ter grandes esperanças e mirar em busca de valiosas conquistas, tal como diz a música que você está aprendendo com o tio Ruy. E uma boa dose de “ato de fé”, como diria um psicanalista que a mamãe e o papai gostam.

“Had to have high, high hopes for a living

Shooting for the stars when I couldn't make a killing

Didn't have a dime but I always had a vision

Always had high, high hopes” 

(High Hopes - Panic! At The Disco)

E haja paciência, como diz uma outra música que você já aprendeu a tocar

“Enquanto o tempo

Acelera e pede pressa

Eu me recuso, faço hora

Vou na valsa

A vida é tão rara

Enquanto todo mundo

Espera a cura do mal

E a loucura finge

Que isso tudo é normal

Eu finjo ter paciência” 

(Paciência - Lenine)

Lindão, são tantos os Pipos que você já foi, que você é e que você será, que o que me cabe é a alegria e o orgulho de ser um expectador privilegiado, que acompanha de pertinho o seu crescimento e o seu amadurecimento. E minha maior torcida é para que você continue sendo todos eles e muitos outros, mantendo a sua essência, para sempre poder ser você. Mal posso esperar pelos próximos Pipos!

Feliz Aniversário, Lindão! Te amamos muito mais que o infinito e muito mais que tudo,

Guigo, Mamãe e Papai.

O COIOTE - GUIGO (7 anos)

Certa vez escutei que o coiote consegue se adaptar com mais facilidade a novos ambientes, novas situações, se comparado a outros animais. Não sei como isso acontece com o coiote, mas vi isso acontecer durante este último ano em você, Guigo. 

No texto do ano passado, eu escrevi sobre as (ainda maiores) incertezas que estes tempos de pandemia estavam trazendo para as nossas vidas. Perguntava se conseguiríamos fazer a nossa #BoysTrip, se você teria a sua festa de aniversário este ano e tantas outras perguntas, cheias de angústias, que só o tempo respondeu e continuará respondendo.

Infelizmente não teremos, de novo, a festa de aniversário que nós todos sonhamos para celebrar a sua vida. Mais um ano! Muito chato, né? E você pôde ficar triste com isso. Porém, por outro lado, você também pôde pedir para o papai fazer “massa com molho branco e carninha”, como você gosta, para celebrarmos o dia de hoje, o seu dia. Será que você vai me ajudar a cozinhar hoje de novo?

Por sorte, tivemos algumas idas ao rancho e você conseguiu brincar com a Bê e o Big Louis… mas às vezes a saudade bate um pouco mais forte, né? Daí você cria maneiras de se relacionar com quem você ama e sente saudades: conversando nas aulas online, jogando videogame com os amigos e primas, às vezes visitando ou recebendo a visita de um ou outro amiguinho e mandando mensagens! Diversas mensagens! Seja para a Clarice, para o tio Fefê, para o tio Dudu, para o vovô Omar ou para a tia Carol, a antiga babá que foi morar lá em Portugal.

A gente sabe, Guigo, que não é fácil ficar em casa todo esse tempo sem poder conviver com os amigos. Ainda mais para você, que sempre gostou de conversar, brincar e ficar junto das pessoas. E mesmo assim você segue, às vezes triste, às vezes com saudade, mas com muita esperança. Você mantém a esperança de poder conviver de novo com as pessoas. 

E fazendo um bom uso dessa esperança e do seu forte desejo de crescer, você foi incrível! Fez o ano inteiro de aulas online e aprendeu a ler e escrever!!! Carinha, eu fico tão feliz e emocionado com essa sua conquista, com a sua força para continuar se desenvolvendo. É admirável! E quanta sorte tivemos no seu encontro com a professora Fabi, hein?

E tiveram outras conquistas também, né? O seu primeiro dente caiu. E, enquanto eu escrevo esse texto, escuto você conversando com a prima Gabi e contando, nos mínimos detalhes, que logo o segundo já irá cair! 

Você também está adorando jogar futebol, treinando com o tio Alisson e uns amiguinhos, e até fez um “camp" do Zico. Foi muito legal, né? 

E, claro, cada vez mais gostando de tecnologias. O papai compra um relógio novo e você logo quer ficar com o antigo, a mamãe troca o celular e você fica de olho se você vai herdar o velho. Você até disse para a mamãe que pensava em virar um “youtuber”. “Ou jogador de futebol… ainda não sei”.

Nos últimos meses, assistimos também a todos os 20 (VINTE!) filmes de super-heróis da Marvel. E, como o  seu super-herói favorito, o Capitão América, que ficou congelado durante várias décadas, nós todos seremos também “descongelados” e poderemos voltar a nos aquecer nos abraços de nossos amigos e familiares.

Guigo, eu admiro muito essa sua condição de encontrar maneiras de curtir a sua vida, se divertir. E de se manter carinhoso e amoroso, mesmo em tempos tão difíceis. Por isso você é o nosso coiotinho! Em meio a tudo, você encontra uma maneira verdadeira de sorrir; em meio a tudo, você traz motivos pra gente sorrir; em meio a tudo, você é um grande motivo pra sorrirmos.

Feliz Aniversário, Guigo. Te amamos muito mais que tudo e muito mais que o infinito,

Pipo, mamãe e papai.

(ps: este é primeiro texto que o papai escreve e você poderá ler sozinho!!! Que alegria!)

“SOMETHING JUST LIKE THIS” - PIPO (9 anos)

  Lembro do vô Mário tirando seu Opala dourado da garagem para me levar até o outro lado da cidade para que eu pudesse aprender como transformar em música o ruído que eu fazia no violão do tio Ri. Foi quando eu tinha uns 13 ou 14 anos e inventei de ter aulas de violão. Eu poderia dizer que alguns meses de “Meu limão, meu limoeiro / meu pé de jacarandá / uma vez esquindô lelê, outra vez esquindô lalá…” me deixaram bastante desanimado, mas depois de alguns anos de análise, não me permito mais responsabilizar o pobre limoeiro ou o professor.

Dia desses, ou seja, trinta anos depois do meu fracasso como um futuro rock ’n’ roll star, eu estava sentado na sua cama, brincando com o seu violão novo, obviamente fazendo barulho e arranhando os seus ouvidos e os do Guigo, que estavam ali perto. Despretensiosamente, e talvez também incomodado com os ruídos, você pegou seu outro violão, sentou do meu lado e começou a me contar como eu deveria fazer: “Papai, ponha esse seu dedo aqui, ó… Isso. Agora faz assim, uma pra baixo, uma pra cima… Acho que se você fizer assim é mais fácil para você…” E por aí fomos.

De repente, me percebo tomado por uma grande alegria ao poder reconhecer no som que saía do violão, mesmo ainda que muito distante do original, a música que há anos escutava nos CD's. Talvez por isso tenha demorado alguns minutos para eu me dar conta que você estava me ensinando a tocar violão, e eu estava aprendendo!

Eu sempre acreditei que você e o Guigo me ensinariam sobre sentimentos, sobre ser pai, sobre humanidades… enfim, coisas sobre as quais já escrevi em outros aniversários. Por outro lado, nunca duvidei que com o tempo eu aprenderia cada vez mais com vocês, seja sobre o último gadget, sobre alguma profissão que vocês escolheram seguir, “coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar”… Mas eu realmente não poderia imaginar que você, com 8 anos, me ensinaria a tocar violão! Paciencioso e atento, você foi me mostrando que poderíamos formar uma bela dupla também na música.

Claro, como diz a canção que tocávamos “Nobody said it was easy / No one ever said it would be so hard”, mas assim é a vida, não é mesmo? Seja para aprender a tocar violão aos 43 ou para suportar uma quarentena, sem praticamente sair de casa durante 3 meses.

Pois é, este seu aniversário, assim como foi o do Guigo, está sendo bastante diferente do que poderíamos imaginar. Coronavírus, pandemia, quarentena, isolamento social… palavras que há poucos meses não faziam parte dos nossos vocabulários, já se tornaram velhas conhecidas. 

Porém, junto com essas palavras, vieram algumas preocupações: como um garoto super ativo, incansável e que está sempre correndo e pulando pode suportar essa quarentena? Você deu o seu jeito, não é mesmo? Criativo, intuitivo e sensível, construiu casas, cenários e shows no Minecraft ou com seus brinquedos. Assistiu a programas das casas mais extraordinárias do mundo com a mamãe, brincou e brigou com o Guigo e começou a fazer “lives” no seu Instagram. Mais um motivo para nos mantermos vivos e no “ao vivo” durante este período tão sombrio e repleto de inúmeras incertezas. Aliás, não teria jeito melhor de comemorarmos o seu aniversário do que fazendo mais uma “live” hoje, certo?

As “lives” despertaram um interesse ainda maior por músicas e bandas. “Papai, como chama essa música que tá tocando? Counting Crows é a sua banda favorita? A sua música favorita dessa banda é One? Essa é a mesma banda que canta The Scientist? Vocês foram no show do U2? O show do Coldplay que vocês foram foi em São Paulo ou no Rio?” E quantas outras perguntas e questionamentos que puderam ser feitos durante este último ano… E alguns que não puderam ser colocados em palavras, mas demonstrados em ações e sentimentos e precisaram de uma ajudinha nossa também, né? Lemos até um livro sobre “De onde viemos”, lembra?

Na música que você está aprendendo por último, “Something just like this”, o Coldplay canta:

“Where'd you wanna go?

How much you wanna risk?

I'm not looking for somebody

With some superhuman gifts

Some superhero

Some fairytale bliss

Just something I can turn to

Somebody I can kiss

I want something just like this”

Pipo, eu não sei quais os caminhos que você escolherá na sua vida. Se você será um artista, um arquiteto, um engenheiro, um professor, um médico, um psicólogo, um cientista maluco ou astronauta, até porque ainda faltam muitas léguas até que você precise decidir que caminho seguir. Mas torço muito para que você mantenha sempre dentro de você essa chama da busca pelo conhecimento, por aprender coisas novas, muito acesa. Acredito que ela venha a partir de uma fundamental disponibilidade para assumir que não sabemos sobre algo e desejamos saber. E isso é, ao mesmo tempo, reconhecer nossas limitações. Saber que não somos nenhum super-herói com poderes sobre-humanos ou que alcançaremos a alegria de um conto de fadas. Mais importante do que isso, é sabermos que temos ao quê e a quem recorrer, como hoje você recorre à sua música para lidar com a quarentena; e que você sempre terá, onde quer que cada um de nós estejamos, o papai, a mamãe e o Guigo para te dar um beijo de carinho.

Feliz Aniversário. Te amamos!

Guigo, mamãe e papai.

SEM FESTA OU SEIS FESTAS? CONTRASTES - GUIGO (6 anos)

Ontem, quando fui te dar um beijo de boa noite e dizer o que digo todas as noites para você (“Que o papai te ama muito mais que tudo e muito mais que o…), alegre e esperançoso pelo amanhã, te perguntei como tinha sido o seu último dia de 5 anos. Rapidamente você ficou pensativo e, sensível à finitude das coisas como você é, logo se entristeceu. 

Pensar no que está acabando, no que está chegando ao fim, é, na melhor das hipóteses, tentar lidar com as perdas, fazer um luto. Luto dos seus 5 anos, luto de uma idade que não volta, luto de uma festa de aniversário que não aconteceu, luto pela inocência que, cada vez mais é perdida… 

Brinquei com você dizendo que o dia anterior tinha sido o penúltimo dia dos seus 5 anos; e que no dia anterior ao anterior tinha sido o antepenúltimo dia dos seus 5 anos; e que no dia anterior ao anterior do anterior… rsrsrs. Porém, disse também que amanhã será o primeiro dia dos seus 6 anos e que o papai já tinha vivido 42 últimos dias de idades… 

Podemos olhar para trás e tentarmos lidar com o que já passou; ou, em alguns momentos, ficarmos apenas presos nesse passado. Também é possível sonharmos e tentarmos planejar um futuro incerto; ou então ficarmos também presos tentando viver no futuro, que ainda não chegou. Então, o que realmente temos é o agora. E, no agora, naquele agora, o que tínhamos era um ao outro, para tentarmos pensar no que pôde ser vivido e aproveitado, como experiência, no seu 5º ano.

Lembramos então da nossa viagem para o “HotBum-Bum Shakalaka!!!” com o Pipo, as primas Bia e Gabi e com o tio Fefê e tia Tati, que marcou o início de uma série de #BoysTrip. Será que conseguiremos este ano?

E foram tantas outras novidades e descobertas! Olhando para trás, com a mamãe e o Pipo, lembramos que você já sabe nadar sozinho; finalmente chegou o tão esperado ano de você poder estudar inglês, depois de inúmeras vezes você me perguntar quando que você iria poder estudar na Know How; teve a chegada da Luna, nossa hamster de estimação; e teve também o nascimento da priminha Clarice, que tanto encantou a nossa família! Seguindo alguns passos do seu irmão, agora você também gosta de Harry Potter e até já assistiu a alguns filmes dele! Ama brincar e construir mundos no Minecraft, e baixar inúmeros aplicativos e jogos no iPad; e, se a tia Carol precisou ir embora, ela também trouxe a tia Dé, com quem vocês adoram brincar…

Além de todas essas coisas, teve também a sua formatura! E ela foi do jeitinho que você gosta, com muita música, cantoria e diversão… A mamãe e eu ficamos muito orgulhosos por essa sua conquista! E agora, carinha, você já está no 1º Ano!!! E não foi só o portão de entrada que mudou, né? Agora você tem tarefa para fazer em casa e segue sendo alfabetizado, aprendendo a ler e a escrever, e sempre na busca de alfabetizar suas emoções.

Guigo, o que eu gostaria que soubesse é que a sua vida, para mim, para a mamãe e para o Pipo é uma festa! Ou melhor, 6 festas! 600 festas!!! 2190 dias de festas, alegrias e aprendizados. 

Mas hoje, infelizmente, não pudemos te dar a festa que havíamos planejado… os tempos são outros. São tempos de luto, de incertezas e de muita angústia. Torcendo para que este momento passe o mais rápido possível, deixo a música do Caetano, “Canto do povo de um lugar”, que tocou na sua formatura. Eu escutava essa música na vitrola da vovó Mariana e do vovô Omar quando eu tinha uns 9 ou 10 anos, e ficava imaginando esse povo e esse lugar e o quanto que deveria ser gostoso morar lá. Neste momento, escuto essa música como um esperança de que possamos ver o sol nascer todos dias, aproveitarmos produtivamente cada momento para que possamos curtir as noites com filmes, partidas de futebol de botão e muita brincadeira e jogos, sempre com o seu sorriso que é tão gostoso de ver.

Feliz Aniversário, Guigo! Te amamos,

Pipo, mamãe e papai.

Canto do povo de um lugar (Caetano Veloso)

Todo dia o sol levanta

E a gente canta ao sol de todo dia

Fim da tarde a terra cora

E a gente chora porque finda a tarde

Quando a noite a lua amansa

E a gente dança venerando a noite

PIPO, O CINEASTA (8 anos)

Pipo, saber que você me ensina uma porção de coisas nunca foi novidade para mim. Para começar, você me ensinou, e continua me ensinando, a ser pai…

Sendo meu primeiro filho, tudo com você também foi, para mim, a primeira vez. Segurar uma criança no colo eu já tinha segurado uma porção de vezes, mas segurar um filho meu no colo, com você foi a primeira vez. E assim foi com trocar fraldas, fazer dormir, dar banho, dar bronca, educar, levar para o hospital, não dormir direito de preocupação, levar para dar injeção e mais essa infinidade de situações que uma relação entre pai e filho possibilita. Boas, alegres e difíceis, tristes…

Pensando melhor, eu realmente acredito que aprendemos juntos! Eu a ser pai e você a ser filho… ou ainda, eu aprendo a ser o seu pai e você aprende a ser o meu filho. E assim fomos seguindo nos últimos anos.

Porém, dias desses — para ser mais preciso numa 4a feira há quase 3 semanas — eu estava deitado, descansando um pouco após o almoço, e de repente chega uma mensagem sua. Um vídeo. “Um vídeo? O que será isso que o Pipo me mandou?”, pergunto-me. E, completamente despreparado, como sei que sou para as novidades que você traz para as nossas vidas, aperto “play”.

Assisto umas duas ou três vezes tentando entender o que estava acontecendo… Ainda meio assustado e completamente inebriado pela simplicidade e força do vídeo, te chamo:

_ Pipo, que vídeo é esse?

_ O que que tem?

_ Quem fez?

_ Eu…

_ Sozinho?

_ É!

_ Mas me explica (pergunto desesperado, tentando entender o que estava acontecendo!), de onde você tirou a ideia pra fazer esse vídeo?

_ Do cinema que fui com a mamãe

_ No filme tem isso?

_ Não… na propaganda

Depois eu viria a entender que você viu uma propaganda da “Filx Media” (Cadeiras) falando sobre as emoções que se vive no cinema e resolveu fazer a sua versão. Obviamente, como um pai babão que sou, já imaginei que eu tinha cochilado uns minutinhos e, de repente, você virou um cineasta!

O que eu gostaria que você soubesse é que, ao longo dos seus 8 anos, a sua sensibilidade e a sua criatividade, algumas de suas qualidades, em diversos momentos escancaram o meu despreparo para ser o seu pai. E o que posso fazer então é me desdobrar para conseguir lidar com um vídeo como esse que você fez.

E, citando um filme já antigo, “Melhor é impossível”, o que posso dizer para você hoje é: Pipo, você me faz querer ser um pai melhor, um homem melhor, uma pessoa melhor! E assim tem sido a minha vida desde que você nasceu! Uma busca constante para te acompanhar nos seus passos, sabendo que muitas vezes eu ficarei bem para trás, como na nossa última corrida no Poli.

O Guigo, a mamãe e eu te amamos muito mais que o infinito! Feliz Aniversário e continue voando alto… Prometo que tentaremos te acompanhar.

5 ANOS E 5 SENTIDOS - GUIGO (5 anos)

- “Ele é surdo! Não pode ouvir música, mal vai aprender a falar e nunca irá dizer ‘papai’!”

Tudo bem que não foi bem isso o que o médico disse depois dos exames que você fez quando tinha só 3 meses… Porém, foi exatamente isso que o papai escutou!

Mas ontem, para a minha alegria, quando fui te buscar na escola sua professora me disse “Ele é uma ótima criança, mas fala mais que o ‘homem da cobra’!” É claro que eu comemorei! E muito!!! Quem diria que para alguém que não iria falar nada, escutar nada, você “fala mais que o homem da cobra”? E tem playlist no Spotify, adora cantar e faz até um “backing vocal” para as músicas que o Pipo toca. E fala, e fala, e fala, e como fala na hora do almoço! Ainda não consegue pronunciar os R’s, é verdade, mas apesar da preguiça, faz os exercícios da fono. Haja “pododoca, pododoca, pododoca”, “ti-lim, ti-lim, ti-lim”, “BRRRRRRR” e sempre acompanhado de um “Ai… tá bom vai!” E adora brincar contando histórias! 

Quando não está falando, presta bastante atenção em tudo a sua volta. Com um olhar curioso, busca além do que estão te mostrando. Seus olhinhos chegam antes e procuram o que você ainda não sabe, não conhece… E quer conhecer, quer saber, quer descobrir o novo! Experimentar sensações novas! Claro, desde que não seja comida, né Guigo? Porque experimentar um novo sabor, um tempero diferente, aí já não é muito a sua praia… Agora, de um bolinho ou de uma bolacha, você nunca abre mão!

Quando você era pitico a gente falava que você era o nosso amor-tranquilo. Mas este amor-tranquilo cresceu e se transformou num amor-sapeca. Muito espertinho, adora fazer um charme para conseguir o que quer. Com sua simpatia e um olhar meigo, conquista quem cruza o seu caminho. Simpático e sapeca, faz perguntas do tipo “Eu posso jogar mais um pouquinho ou não?”; “Eu preciso tomar outro banho hoje ou não?”.

E você vai crescendo… Andou de avião, visitou outro país, conheceu o Mickey e deu um belo abraço no Buzz! Achamos que você não conseguiria andar os parques todos, porque você tem “pernas-curtas” de preguiça, mas foi um companheirão em toda a viagem! Tentou até fazer o treinamento Jedi, mas aí já era demais, né Guigo? Porque crescer também pode ser muito difícil. Falar tchau para o “mô”, não tomar mais mamadeira na cama, todas essas coisas que as crianças que crescem passam a fazer ou abrem mão, são doloridas! 

Mas você faz um charminho, um grudinho com a mamãe, um abraço apertado e uma carinha de cãozinho sem dono e vai tentando ficar no iPad mais um pouquinho. E tome Youtube Kids, joguinhos e bateria do celular da mamãe. Sempre contando com um irmão mais velho que está sempre pronto para te proteger, ajudar, brincar e, claro, brigar!

Neste ano você também descobriu instrumentos musicais e músicas! Muitas músicas!!! Antigas e novas, descobertas nas aulas com o tio Pedro ou com a tia Jéssica, como essa linda que “ensina” o que é o amor.

O VELHO E A FLOR

(Vinicius de Moraes, Toquinho, Luis Enrique Bacalov)

Por céus e mares eu andei 

Vi um poeta e vi um rei 

Na esperança de saber o que é o amor 

Ninguém sabia me dizer 

E eu já queria até morrer 

Quando um velhinho com uma flor assim falou 

O amor é o carinho 

É o espinho que não se vê em cada flor 

É a vida quando 

Chega sangrando 

Aberta em pétalas de amor

Feliz Aniversário, Guigo! Que esta sua mão cheia de idade, possa se multiplicar em alegrias, descobertas e uma vida repleta de amor.

Um beijo do Pipo, da Mamãe e do Papai. Te amamos!

RISOS E LÁGRIMAS - Pipo (7 anos)

Pipo, lindão, como você sabe, o papai gosta de escrever alguma coisa no dia do seu aniversário. Essa é uma forma de celebrar a sua vida, mas também uma maneira que encontrei para que, em algum momento, você possa ler e lembrar um pouquinho de como foi a sua infância. O que eu escrevo é, obviamente, limitado ao meu olhar sobre você. Limitado porque não estou aí dentro da sua cabecinha maluca para viver as emoções todas sentidas por você nas descobertas, aprendizagens, tristezas e alegrias que a vida já te proporciona. Porém, apesar de limitado, é também um olhar com muito amor, admiração e cheio de torcida para que você consiga, na medida do possível, superar as dificuldades.

Eu fiquei pensando nos últimos dias sobre o que eu escreveria neste ano… Pensei, por exemplo, em escrever sobre você ter se apaixonado por música! E pela ideia de ser um músico!!! Até ganhou um violão “de verdade” do Papai Noel e está montando uma banda com seus amigos, a “The Crazy Bears”!

Pensei também em escrever sobre o seu entusiasmo com o Boxe, seja no joguinho de videogame e em como você ficou feliz por ter sido o primeiro da família a se tornar “Profissional”; ou então no saco de pancadas pendurado no quintal, onde você treina o Guiguinho para ele também se tornar um “Profissional”.

Outra possibilidade seria escrever sobre o seu apaixonamento por Star Wars, com Darth Vader, Kylo Ren e toda uma série de personagens que começaram a povoar as nossas conversas e brincadeiras. O papai agora, quando chega do consultório, começa a batalha: sabre de luz verde contra o de luz vermelha no escuro do corredor, como numa partida de esgrima… quem vencerá?

Na semana que vem já começa a Copa do Mundo de novo! E lembrar que fomos nós 3, eu, você e o vovô Omar assistir a um jogo do Brasil na última Copa é uma das memórias emocionais mais incríveis que o papai guarda! Então eu pensei em escrever sobre a nossa viagem a Brasília também…

Ou ainda sobre essa fase adolescente precoce que você está vivendo, junto com as inúmeras brigas com o Guigo! Sim, finalmente o ciúme do Guigo apareceu! UFA!!!

Mas durante esse tempo todo que pensei sobre o que escrever, sempre me vinha à cabeça uma frase que o “vovô Celso” disse um dia, quando você ainda era pequenininho, prestes a completar 1 ano. Você estava todo alegre, feliz, dando várias gargalhadas! e, ao ver sua alegria contagiante, o “vovô Celso” disse para o papai: “a sua função na vida é não deixar que ele perca isso!”.

O papai sabe que não é possível a gente sorrir sempre, estar feliz o tempo todo… Tem alguns momentos na nossa vida que a dor aparece junto com uma tristeza desalentada, desamparada. E acho que você também já aprendeu e viveu um pouquinho disso, principalmente no último ano, quando perdemos a vovó Mariana. Você, que era o “Campeão da Vovó”, viu ela perder a partida mais importante da vida dela…

Mas, por outro lado, a sua alegria, o seu jeito espoleta, incansável e criativo de ser, que o “vovô Celso” desde cedo captou, este, Pipão, este a gente tenta preservar mesmo! Sempre! Hoje em dia essa é realmente uma função que o papai e a mamãe têm bastante responsabilidade… com o tempo, cada vez mais será você o responsável por tentar preservar essa sua alegria, as suas gargalhadas. Porém, lembrando também que chorar as suas dores e viver as suas tristezas é tão fundamental quando sorrir a sua alegria.

Então, meu lindão, sorria bastante, mas chore bastante também! Essa é, talvez, a beleza da vida… a gente poder sorrir quando temos vontade, e chorar também quando temos vontade! Viver a sua realidade!!! Viva a sua realidade, viva a sua vida! 

Viva a vida do Pipo!!! 

Parabéns, meu lindão! O papai te ama mais que o………?